Estação Onze_Leitura na Rede_3Uma distopia de peso, que eu indico para todos que queiram sair da zona de conforto e pensar além das possibilidades que nos são apresentadas atualmente.

Comprei este livro na Saraiva pela citação na capa do George R. R. Martin: “Um livro que se destaca de todos os outros; do qual me lembrarei por muito tempo e ao qual retornarei.” Afinal de contas, se o lindo e fofíssimo salve e salve criador da série Crônicas de Gelo e Fogo (mais conhecido como Guerra dos Tronos) recomendou o livro, é óbvio que eu iria ler!

Não fiquem chocados com a resenha. Tudo o que direi aqui já é dito, de certa forma, na sinopse da contra capa. Não darei spoilers meus amores.

Vamos à história. No 1º dia ocorre uma encenação da peça Rei Lear em um teatro em Toronto onde o famoso ator Arthur Leander morre em cena. O paramédico que tentou ressuscitá-lo no palco (em vão), poucos minutos após deixar o teatro recebe uma ligação de um amigo médico que trabalha num hospital dizendo para ele deixar a cidade imediatamente porque a Gripe da Geórgia (variação da Gripe Suína) está se alastrando e os médicos e hospitais não sabem como combater. Desesperado, ele corre para o apartamento do irmão, um deficiente físico, que vive em uma cadeira de rodas, e leva suprimentos para eles. Fecha as frestas das portas e janelas tentando impedir que o vírus entre no apartamento. O vírus espalha-se pela superfície da terra e mata 99% da população.

Houve a gripe que explodiu como uma bomba de nêutrons na superfície da terra e o choque do colapso que se seguiu, os primeiros anos indescritíveis, quando todo mundo ficou viajando, antes de entenderem que não havia nenhum lugar onde a vida pudesse continuar como era antes, e todos se instalarem onde podiam, aglomerados por motivos de segurança em paradas de caminhões, antigos restaurantes, velhos motéis.

Com o mundo sem energia elétrica, com 1% de sobreviventes, quem sobrou não confia em mais ninguém. Não se sabe se a próxima pessoa a ser encontrada irá tentar te saquear ou te ajudar. O mundo fica em desordem, sem fronteiras.

Vinte anos após a calamidade um grupo de teatro chamado Sinfonia Itinerante percorre vilarejos apresentando peças de Shakespeare, porque para eles o lema é sobreviver não é suficiente. E durante quase todo o livro é narrado o percurso, aventuras e descobertas deste grupo teatral.

O livro Estação Onze é narrado em 3ª pessoa e com completa maestria a autora entrelaça as histórias dos personagens; desde o primeiro que aparece na trama, aquele ator que morre em cena no primeiro dia. A autora percorre seu passado, as pessoas que fizeram parte de sua vida antes e pós-calamidade, mostra como a mudança no mundo afetou cada um deles e como os grupos que se formaram pensam e agem em conjunto e individualmente. O que para algumas pessoas parece supérfluo e para outras são artigos valiosos de grande significado. É o tipo de obra que te faz refletir, pensar a respeito das coisas que você possui a seu dispor hoje e talvez nem dê tanto valor, porque desde que nasceu sempre esteve lá. Como por exemplo, o interruptor de luz, a ervilha enlatada, o wi-fi. E por aí vai.

Em relação ao trabalho de edição da Editora Intrínseca, só elogios. A capa é linda, de material texturizado e a imagem tem tudo a ver com a história narrada. A diagramação é bem espaçada e não cansa em nada a vista.

Recomendo para ler, presentear e ter em sua coleção!

  • Título original: Station Eleven
  • Editora: Intrínseca
  • Número de páginas: 320
  • Ano: 2015
  • Gênero: Ficção canadense (distopia)
  • Rating:estrelas
Mariana Fieri