RESENHA: A VIDA INVISÍVEL DE EURÍDICE GUSMÃO, DE MARTHA BATALHA

Escolhi a Vida invisível de Eurídice Gusmão por uma indicação de há muito tempo atrás. De tanto tempo, que eu nem lembrava sobre o que se tratava o enredo. Comecei então a leitura de forma despretensiosa. E fiquei maravilhada, encantada e surpresa com o ritmo da narrativa, a fluidez, a ironia e a verdade nua e crua despejada na minha cara.

A MULHER NO ANONIMATO

A vida invisível de Eurídice Gusmão, romance de estreia da escritora Recifense Martha Batalha, tem início na década de 40, no Rio de Janeiro. A história começa nos apresentando duas irmãs, Eurídice e Guida. A última, de espírito livre, foge de casa para dar conta de seus próprios interesses e deixa a família – irmã, pai e mãe – vivendo em amargura. Eurídice, por sua vez, é uma menina recatada, que se sente solitária, principalmente após a partida da irmã. Mesmo assim, ela sonha alto e possui muitos talentos. Porém, como ouviu muitos nãos em sua vida, o que mais cresce em seu peito é a insegurança e decide aceitar a vida como ela é. Casa-se com Antenor e acredita que ele é um bom marido, apesar das críticas e acusações que ele faz de tempos em tempos, ainda assim, não é um homem violento.

Porque Eurídice, vejam vocês, era uma mulher brilhante. Se lhe dessem cálculos elaborados ela projetaria pontes. Se lhe dessem um laboratório ela inventaria vacinas. Se lhe dessem páginas brancas ela escreveria clássicos. Mas o que lhe deram foram cuecas sujas, que Eurídice lavou muito rápido e muito bem, sentando-se em seguida no sofá, olhando as unhas e pensando no que deveria pensar.

A história vai se desenrolando e nos mostra a vida de Eurídice, Guida e das pessoas que as cercam. A ironia presente no texto destaca a forma como as mulheres eram tratadas e acreditem ou não, não está tão diferente de algumas situações que encontramos ainda hoje.

Enquanto trabalhava nas receitas ela tinha certeza de que estava fazendo algo de valor, mas na frente do marido tudo perdia o sentido.

A vida invisível de Eurídice Gusmão foi finalista do prêmio São Paulo de Literatura e semifinalista do prêmio Oceanos. Foi adaptado para o cinema em 2019 com o título A vida invisível. Ainda não assisti ao filme, mas de comentários que ouvi e pelo trailer, dá para notar muita coisa diferente.

Veja o trailer abaixo:

Sou só amores por esse livro. Pegue uma xícara de chá, sente-se num lugar confortável e permita-se conhecer essa história. Depois, venha aqui me contar o que você achou também!